terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um jeito de lavar as águas de Mauro Santayana

"Um fada sem condão" foi escrito para interagir com o texto "Um jeito de lavar as águas" de Mauro Santayana. Leia o texto e interaja você também.

Um jeito de lavar as águas
Era uma vez uma fada muito poderosa que perdeu sua vara de condão. O poder da fada estava na vara de condão e ela ficou, de repente, muito pobre e muito triste, porque ficou também sozinha no meio da floresta. Quando o dia amanheceu, não havia mais floresta: no lugar das árvores havia edifícios muito altos e no lugar dos caminhos cercados de flores, ruas cheias de gente.
A fada ficou muito assustada e tratou de procurar a sua vara de fazer encantamentos. Chegou perto do senhor que tinha pasta e perguntou:
- Moço, o senhor viu uma varinha com uma estrela na ponta?
O homem respondeu que não, que estava com pressa, porque ia pagar sua prestação do BNH, senão o governo lhe tomaria a casa.
A fada perguntou então ao guarda, e o guarda riu muito e disse que ela olhasse no espelho. Ela viu uma vitrina e se olhou: estava velha, feia, os cabelos embaraçados, a roupa suja e rasgada, os sapatos em sola.
- O que foi que me aconteceu? Ainda ontem à noite eu era bela, jovem, bonita. Mas agora, tudo acabou. Preciso encontrar depressa a varinha, para que eu seja bela e possa fazer o bem para os outros.
Então a fada foi andando, andando, saiu da cidade e chegou a uma favela na beira de um rio. O rio fedia muito, a favela era feita de papelão, os meninos eram todos magrinhos e estavam com fome. A fada ficou mais triste ainda. Estava acosumada a ajudar os príncipes encantados e as gatas borralheiras, mas nunca havia estado numa favela.
- Ah! se eu tivesse a minha vara de condão! Ia florir a beira do rio, limpar suas águas e dar mel e leite para esses meninos.
Foi então que um menino chegou perto dela e disse:
- Moça, a senhora é bonita! Fica sendo minha mãe, fica?
A fada deu a mão ao menino e foi para seu barraco de papelão, e ficou sendo sua mãe, porque a de verdade tinha sumido.
Ela ainda não achou a varinha de condão, mas também não a procura mais. Ela não tem mais tempo porque está plantando flores na beira do rio sujo e pensando num jeio de lavar as suas águas. E quando ela vê sua cara no rio, vê então que é muito bonita!


Uma fada sem condão

Era uma vez uma fada poderosa
Que perdeu sua varinha de condão
Transformou-se numa velha
suja e de cabelos embaraçados.
Perdida no meio do calçadão.
Os homens apressados
Não lhe deram atenção.
A fada saiu apavorada
Procurando a varinha de condão.
Chegou em uma favela
Toda feita de papelão
Encontrou um garoto que lhe pediu:
-Você quer ser minha mãe?
A fada deu-lhe a mão
E juntos caminharam
beirando o ribeirão.
A varinha?
Ah! Ela não achou não!
Plantando flores na beira do rio.
A beleza da vida encontrou então.

3 comentários:

  1. Boa tarde, Mauro Santayana, desejo adquirir seu livro, este, "Um jeito de lavar as águas". Como fazer? Parabéns, o texto é lindo. Conheci-o porque parte da poesia veio embrulhando um livro que comprei na Estante Virtual. Coisa mais emocionante encontrar aquela preciosidade embrulhando algo que comprei. Página 20 de um livro didático. (Cristina Veiga é a autora do site Sarau? Parabéns!) Grata se puder me ajudar com a aquisição desta obra.

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Bemvindos ao Sarau

Oi pessoal, é muito bom saber que vocês vieram participar do meu sarau.